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  • Foto do escritorJosely Chiarella

De quanta vacina Covid precisa o mundo?


Temos acompanhamos atentamente a evolução do número de pessoas vacinadas no Brasil e no mundo, e muitas vezes com inveja de alguns países. Os números são atualizados minuto a minuto.

Ao fim do 1º trimestre de 2021, temos pouco mais de 8% da população brasileira vacinada com pelo menos uma dose, sendo que para isso foram necessárias mais de 17 milhões de doses de vacinas. Foto criada por rawpixel.com


A pandemia continua ceifando vidas e a imunidade coletiva, barreira que impediria a cadeia de transmissão, só será alcançada com vacinas. Mas quantas doses de vacina são necessárias para isso?


Há uma projeção de vacinar 75% da população mundial com vacinas que tenham ~90% de eficácia a assim alcançar 67% de indivíduos protegidos. Se somos quase 8 bilhões de pessoas no planeta, a grande maioria das vacinas têm regime de 2 doses, precisamos de 11-12 bilhões de doses. Terminamos o 1º trimestre com 596 milhões de pessoas vacinadas (7,8% da população mundial) e para isso foram necessárias 1,2 bilhões de doses, ou seja, ainda há que se produzir muita vacina.

A produção mundial de vacinas na era pré-COVID era de aproximadamente 5 bilhões de doses/ano, e isso inclui a vacina da gripe tem consolidada produção em larga escala para utilização nas campanhas sazonais.


Qual a capacidade da indústria farmacêutica mundial expandir enormemente a produção em anual no menor prazo possível? Dentre tantos desafios que a pandemia nos trouxe, esse é mais um deles.


Desde a obtenção da autorização de uso pelo FDA, a Pfizer já aumentou sua capacidade produtiva tendo anunciado recentemente que produzirá 2,5 bilhões em 2021. A Oxford/Astrazeneca em apenas um contrato, com o Serum Institute da Índia, fará 1 bilhão de doses da vacina que somados a contratos em 15 países adicionam quase 3 bilhões de doses à sua produção. Temos ainda as 700 milhões de doses da vacina da Moderna e as vacinas chinesas, Sinovac com produção no Brasil e na China, a Sinopharm para engrossar a produção mundial. Passados 3 meses temos menos de 8% da população mundial vacinada com cerca de 1,2 milhões de doses. Mesmo com todos os esforços não teremos nem 50% da população mundial vacinada ao final de 2021.


Temos observado esforços da indústria farmacêutica nunca vistos antes, várias alianças foram feitas como por exemplo a Pfizer fez uma parceria de produção com a GSK, a J&J com a Merck, mas isso ainda não é o suficiente, pois teremos restrições na cadeia de suprimento para a produção da vacina.


Foto: Viraj Nayar para NPR


Não é só o Brasil que sofre com as limitações da cadeia de suprimento do segmento Farma/Biotec. Insumos como frascos, filtros, resinas etc. críticos nos processos produtivos podem romper a cadeia produtiva por falta de fornecimento.


Atualmente 42% das vacinas já produzidas são de mRNA - tecnologia inovadora, 35% de vírus inteiro e 22% de vetores virais. A produção de mRNA para utilização na vacina é relativamente simples, mas além de limitação de pessoal treinadas para isso por ser um processo inovador, insumos como nucleotídeos, enzimas e lipídeos podem faltar porque existem poucos produtores.

Cito aqui o "cap", uma proteção do mRNA para que o corpo humano não rejeite a molécula vacinal com um material estranho, uma componente bastante específico e inovador, que só é produzido pela empresa TriLink Biotechnologies, de San Diego/USA, detentora de patente.


Desde o início da pandemia houve um grande fluxo de investimento no desenvolvimento das novas vacinas. Houve também uma preocupação com as seringas, avaliou-se o risco de ter vacinas e não ter como aplicá-las. Mas a cadeia de suprimento envolvida na produção da vacina como um todo não teve a mesma atenção. Esses produtos de certa forma invisíveis são hoje motivo de grande preocupação, pois devido às exigências regulatórias esse não é um segmento que organiza rapidamente.


No mundo ideal serão sanados os gargalos de produção, restando apenas as questões ligadas à distribuição equitativa de vacinas. Os dados de hoje mostram que enquanto os EUA já vacinaram 27% da população, a África ainda não teve doses suficientes para nem 1% da população.


Referências:



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